Ajudem-me a perceber se eu é que estou errada na interpretação, por favor.
"
Nasceu em Nova Iorque, provavelmente o lugar do mundo onde mais pessoas sonham viver. E, no entanto, trocou-o pelo Porto. Foi trocar caviar por sardinha?
[Risos] Não é bem assim, porque entre Nova Iorque e o Porto houve muitas etapas diferentes. De Nova Iorque fui para a Universidade, na Carolina do Norte, que era na altura um sítio mais provinciano do que o Porto. Daí fui para a Baía de São Francisco e depois para Berkley. Só depois vim para o Porto. Já vivi em muitos sítios diferentes. É verdade que às vezes faz-me falta uma grande cidade como Nova Iorque, Paris ou Londres. Mas felizmente tenho muita sorte e viajo com frequência.
Mas nunca deu consigo a pensar: "Que raio estou a fazer no Porto?"
Sim, claro. Quando chegamos aqui, o Porto era uma cidade muito menos internacional. Conseguir um restaurante étnico - italiano, tailandês, japonês - era quase impossível. Conseguir um jornal internacional também.
E, no entanto, isso foi há menos de 20 anos...
Pois, mas o Porto era uma cidade muito isolada. Lembro-me de estar na Baixa, ainda nesse ano, e de ver passar um grupo de punks. Não exagero se disser que, atrás deles estava uma dúzia de gente local com os olhos esbugalhados como se eles fossem marcianos. É uma imagem que guardo do Porto, porque um grupo de punks em Amesterdão ou em Nova Iorque não provocava nenhum interesse. E no Porto foi um escândalo.
Acha a cidade ridícula nesse sentido?
Sim, o Porto continua a ter o lado de uma grande aldeia. Mas Lisboa é igual. Para quem é de Nova Iorque, Lisboa é igualmente província, desculpem lá dizê-lo [risos]. Não vejo diferença entre cidades como o Porto, Lisboa, Bordéus ou Lyon. Mas já tenho 53 anos. Quando somos mais jovens precisamos de estar mais no centro do mundo. Se eu tivesse 20 anos ia para Berlim. É a cidade da Europa, e talvez do Mundo, mais explosiva, mais dinâmica, mais engraçada que conheço. E barata ainda por cima. Mas não tenho 20 anos, a minha vida está cá, estou contente e não preciso de estar no centro do mundo.
Mas se Berlim ainda fosse capital da Alemanha nazi, sendo americano, judeu, escritor e homossexual, não seria logo morto?
Logo! Na primeira fila [Risos].
Quando chegou ao Porto, ficou indignado com a falta de higiene nas casas de banho públicas. Consta que não saía de casa sem estar munido de papel. Ainda é assim?
Felizmente, já não. Hoje, qualquer restaurante ou estação de caminho de ferro está limpa. De vez em quando, está uma porcaria, mas níveis de higiene não têm comparação. Estive cá pela primeira vez em 1980 e este país era medieval."
16 comentários:
Apre! Que a jornalista não era nada tendenciosa...
bj
pois...realmente parece não ser nada imparcial...bj:)
Nada imparcial mesmo...enfim....
As perguntas da jornalista mostram acima de tudo que desconhece a realidade da cidade do Porto. Esta cidade é hoje culturalmente muito activa, muito voltada para a Arte e há um convívio saudável entre a tradicional sardinha e o chiquérrimo caviar.
Abraço,
JFS
Muitoooo direccionada! Que raio de perguntas são aquelas??? Vê-se mesmo que a dita senhora se acha superior por morar em Lisboa... ou será que mora em NY? Deviam ter lido as perguntas dela antes da entrevista...
Realmente, isto são as típicas perguntas de uma pessoa ignorante, que não sabe e nem se dá ao trabalho de sequer tentar conhecer.
É por estas e por outras que Lisboa é Portugal e o resto do país é paisagem.
Bjs Di
isto é super hiper mega ridículo...
felizmente ele não alinhou na conversa e deu respostas magníficas. gosto da parte do:
"Sim, o Porto continua a ter o lado de uma grande aldeia. Mas Lisboa é igual. Para quem é de Nova Iorque, Lisboa é igualmente província, desculpem lá dizê-lo [risos]. Não vejo diferença entre cidades como o Porto, Lisboa, Bordéus ou Lyon."
e eu gosto tanto do lado "aldeia" das nossas cidades, a proximidade, a vizinhança, os "bom dia" na rua...
Sim, esse lado "aldeia" é muito agradável, e parece-me que Richard Zimler também gosta dele.
Mas, tanto em Lisboa como no Porto, realmente agora há uma mistura saudável entre o lado tradicional e o lado cosmopolita, como já referiram.
Eu diria que que esta sra nem jornalista é. Já que em primeira instancia jornalismo é isenção...e de isenta esta sra tinha zero...
Adoro o Porto mas acho que o escritor tem razão... O Porto comparado a Londres (que é a única cidade que conheço acima mencionada) não têm nada haver. Londres é uma cidade que não para, muito internacional. Vemos pessoas de várias etnias e com vários estilos enquanto que no Porto dá a sensação que todos ficam a olhar se nos vestirmos de maneira diferente.
Concordo contigo, Borboleta.
Eu amo essas 2 cidades, e percebo claramente essas diferenças.
Mas em Londres é tudo muito mais impessoal e não há tanto aquele sentimento de "porto-de-abrigo" (não foi de propósito o trocadilho :p ).
Pois, também não gostei de ler. Mas realmente, a pergunta mais parva a meu ver foi:
"Mas se Berlim ainda fosse capital da Alemanha nazi, sendo americano, judeu, escritor e homossexual, não seria logo morto?" É anedótico, em pleno século XIX fazer uma associação ao nazismo, sempre que se fala da Alemanha.
Que falta de interesse, a entrevista não trouxe qualquer benefício. Não compreendo como foi
publicada...
A entrevista ainda continua. Eu é que coloquei este excerto porque fiquei chocada com as perguntas sobre o Porto.
E essa parte da Alemanha é realmente anedótica. Concordo contigo.
Acho que devia ser para os apanhados... só pode!!!
Kiss*
mas que perguntas são aqueles?
acho que alguem se enganou na profissão.
A jornalista é uma idiota chapada!
Nada a acrescentar.
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