25.4.11

Sobre a liberdade...

 foto: http://brilhozinhonosolhos.blogspot.com

Hoje é o dia em que se comemora a liberdade. E eu gosto da liberdade, sobretudo daquela que me permite escolher entre diferentes opções, sem que nenhuma me seja imposta e sem que me olhem de lado por me decidir por uma delas. Gosto de poder fazer uso da responsabilidade e decidir ficar em casa se me apetecer ou sair de casa se essa for a minha vontade naquele momento.  Claro que essa liberdade deve ser vista num contexto social, tendo também em conta a liberdade dos outros, mas não é assim tão complicado conseguir um meio termo.
Gosto de poder optar pelo silêncio, mesmo estando acompanhada. Aliás, conseguir estar sem falar é para mim revelador da proximidade e da intimidade que tenho com alguém. É bom estar horas intermináveis a conversar, e os assuntos nunca esgotarem, mas às vezes também me sabe bem andar na rua e não dizer nada, sentar num local bonito, em boa companhia e em silêncio, e poder pensar só para mim ou simplesmente não pensar em nada. E é bom ter a liberdade de o fazer sem sentir olhares reprovadores ou qualquer tipo de constrangimento.
Gosto de sair de casa sem me preocupar com o que os outros vão pensar sobre o que tenho vestido ou calçado. Mesmo que não o faça, é bom sentir que posso ir à rua com roupa que não combina, com o cabelo num apanhado fora do normal, com um casaco grosso num dia de calor. Ninguém se vai incomodar com isso… e, para mim, é algo que faz parte do conceito de liberdade.
Se em Março houver um dia de muito calor, muito provavelmente calçarei uns sapatos abertos e usarei um vestido fresquinho. Se no dia a seguir chover e estiver frio, poderei tirar as galochas do armário ou talvez calçar umas sabrinas. E na rua poderá haver pessoas de t-shirt, de casaco de inverno, de calças, de mini-saia, de chinelos, de botas, … E ninguém se sentirá incomodado.
Gosto da proximidade entre as pessoas, e gosto de ter conhecidos que cumprimento na rua, mas acho que às vezes nos faz melhor prestar mais atenção a nós mesmos e à nossa família do que perder tempo a olhar para os outros e comentar. E, tendo a noção que estou de certo modo a contradizer-me, por estar a criticar atitudes, admito que é com alguma tristeza que sinto que o meu país ainda tem bastante a mudar nesse sentido… o da liberdade.

9 comentários:

tempus fugit à pressa disse...

E na rua poderá haver pessoas de t-shirt, de casaco de inverno, de calças, de mini-saia, de chinelos, de botas, …

isso era mais anos 60


acho que a sua liberdade anda uns anos atrasada

agora é mais tops e calça de ganga

mini-saia? a sua liberdade deve andar trancada há uns anitos

tempus fugit à pressa disse...

e curiosamente a sua liberdade nem é sua é a liberdade de um outro qualquer ou outra tanto faz

E? disse...

Honestamente não entendi o comentário.

Queen of Hearts disse...

Deixa, não era para entender, era só para incomodar, certamente. Que nervos.

Mas em relação ao que é REALMENTE importante:

Concordo em absoluto. Em especial com a última frase. E às vezes penso que o que nos rodeia não só nos circunscreve a liberdade, como também nos acaba por condicionar o espírito, e fazer-nos circunscrever a liberdade alheia, por mais que abominemos o conceito. Mas vá que não vá, já estamos bem melhor que em 1973. :)))
Beijinhos

E? disse...

Fiquei contente por teres comentado :)

Quanto às mudanças ao longo destes anos, tens razão! De qualquer forma, quando vejo a série "Conta-me como foi", fico a pensar que em muitos aspectos não houve grandes mudanças de mentalidade. Claro que é ficção, mas mesmo assim...

beijinhos

Unknown disse...

Gostei do teu ponto de vista. Bjs***

Unknown disse...

Olá!
Ontem ouvi um comentário de um dos capitães de Abril e fiquei muito triste. Otelo Saraiva dizia que: " Se soubesse que o país ia ficar nesta desgraça não tinha feito a revolução". É realmente triste saber que este grande senhor está tão desiludido e de certa forma traído pelo seu regime. É aqui que vemos que a nossa mentalidade está muito atrasada e com conceitos e prioridades muito estranhas.
Bjs

E? disse...

Sim, F., é verdade.
De qualquer forma, ontem houve uma nova notícia a dizer que Otelo afinal está satisfeito com o papel que teve no 25 de Abril de 74...


beijinhos, F. e Caucau

Unknown disse...

Oi!
Também ouvi esse comentário. É obvio que ele deve estar satisfeito com o que fez, na sua altura foi o que a consciencia o mandou fazer. Mas também não se arrepende do desabafo que fez e ele tem a sua razão, não se admite que Portugal esteja nesta situação, o povo português esta muito mal habituado e isso é uma consequencia da Revolução.
Bjs

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